
Marielle Franco passou a vida desviando de estatísticas. Nasceu com as chances contra ela, no Complexo da Maré, mulher, negra e pobre. Mãe aos 19 anos, conseguiu entrar na universidade só com 22. PUC Rio, com bolsa, claro, depois de participar do Pré-Vestibular Comunitário da Maré. Passou a vida batalhando contra o destino, era o exemplo vivo que oportunidades criam novos rumos e caminhos.
Como vereadora, trabalhava para mudar as estatísticas que fazem com que a sua história seja uma exceção, e não a regra. Trabalhava contra a violência e para universalizar as oportunidades.
Esse trabalho foi brutalmente interrompido por nove tiros na noite de ontem.
Assassinaram uma brasileira, batalhadora, que mostrou com sua vida que é possível vencer o destino ingrato, traçado desde antes da gente nascer.
A democracia, já tão combalida, amanhece com mais uma ferida aberta. Quando a luta pacífica e democrática é calada por tiros, todos precisamos nos levantar. Na democracia, a violência nunca pode ser aceita.
Quando Marielle foi atingida, fomos todos, brasileiros, trabalhadores, batalhadores, atingidos também.
Que a dor se torne revolta, a revolta, gesto e o gesto um grande basta contra os estados de exceção que vivemos, como há cinquenta anos a dor por Edson Luís floresceu em protestos por todo o Brasil.
Portal EmRedes
Curso de História - UEMG-Divinópolis
Curso de Serviço Social - UEMG-Divinópolis
Núcleo de Estudos Interdisciplinares das Relações Étnico-Raciais